quinta-feira, 1 de maio de 2014

Quanto você estaria disposto a pagar pela sua bênção?


 

Talvez seja apedrejado por escrever esse artigo, mas depois de muito refletir acerca do grande apelo de tantas igrejas acerca de dízimos e ofertas e aquilo que se tem pregado acerca desses assuntos, resolvi trazer um pouco de discussão acerca do tema.
Não me proponho a responder, nem tampouco deter a VERDADE, mas tão somente refletir acerca de tantos erros que temos vivido no chamado “evangelho da prosperidade”, de forma alguma quero ser hipócrita dizendo que não quero crescer, avançar, progredir e poder com isso usufruir das benesses que o dinheiro possa pagar, entretanto não posso me calar diante de tantos absurdos.
Verdadeiramente a Bíblia relata acerca de dízimos e ofertas e o clássico texto de Malaquias 3:10, atesta a força desse dogma. Todavia as igrejas tem exercido um forte apelo acerca de ofertar com o intuito de ser prospero e ser prospero para ofertar. Todavia a forma como a prosperidade tem sido ensinada foge a sobriedade que a Palavra de Deus requer nesse tipo de assunto.
Quantas pessoas tem vivenciado o dia a dia do evangelho buscando respostas do tipo “porque ainda não fiquei rico se estou dizimando?”, “se não recebo respostas financeiras positivas na minha vida não tenho a bênção de Deus?”, ou ainda afirmando: “preciso ofertar nessa campanha para ‘destravar’ minha vida financeira!” ou “meu Deus, se não ofertar e dizimar esse mês o devorador vai acabar com a minha vida”...
Infelizmente vivemos tempos de um evangelho líquido, descartável, supérfluo, tipo self service, em que novos fariseus tem imposto um evangelho de condenação baseado em falácias do tipo você precisa ofertar para avançar, a bênção de Deus se consubstanciará em dinheiro na sua vida, dinheiro para comprar roupas, trocar o carro, morar melhor... não duvido do que disse Jesus em Mateus 6:25-34, o Pai celeste nos conhece e sabe de nossas necessidades e nos suprirá, afinal Ele é Jiré Yaveh, entretanto preciso lançar luz sobre os oprimidos do diabo por afirmação de um evangelho cômodo aos aproveitadores da fé alheia.
Quantas vezes o seu pastor cumprimentou você? Quantas vezes os irmãos da igreja que você congrega tiveram a preocupação de “guiados por Deus levar um conforto à sua vida em momentos difíceis? Bem, esse é um dogma ainda mais importante no Evangelho “amar ao próximo como a si mesmo”, contudo não vem sendo pregado na mesma ênfase e proporção.
Querido a bênção de Deus não significa dinheiro e em nenhum lugar está escrito que você precisar dar para receber, de Deus não se zomba tudo que o homem plantar colherá (Gl 6:7), se você está querendo comprar Deus, então eu te pergunto: quanto você está disposto a pagar pela sua bênção?
A Bíblia nos diz que devemos dizimar e o mesmo afirmou Jesus nos evangelhos, todavia Ele não deu nenhuma ênfase nesse assunto, a ponto de que se construam epílogos e conferências, congressos e encontros acerca do tema da prosperidade, no mundo teremos aflições, mas aquilo que se detém minuciosamente não se vê tantos congressos, o amor, a consideração, o respeito, a honestidade o ajudar o próximo, o sofrer o dano.
De uns tempos para cá me vi pensando acerca dos motivos da Reforma Protestante e como foram válidos os questionamentos levantados por Lútero, todavia da mesma forma como isso foi utilizado por usurpadores que deturparam o sentido para se aproveitarem e fugirem da igreja de Roma, hoje também vemos pessoas não comissionadas para o Evangelho, que não são pastores, nem ministros do evangelho, mas que se aproveitam para usurpar-se da fragilidade emocional de muitos em um país opressor como o Brasil.
Engraçado que não se vê a mesma ênfase financeira em outros países, a exceção do Estados Unidos, razão mesma do capitalismo que movido pela mesma deturpação da Reforma havida portou consigo o ensino do “Evangelho que se pode pagar”, ou o “Evangelho da bênção financeira como resposta de uma predileção divina aos exaltados do Senhor”, mas e o cuidado com os necessitados, o amor, a honra, o respeito...
Vivemos dias difíceis, dias em que Deus tem sido minimizado por Mamom, lembram o deus pagão da prosperidade adorado pelos israelitas no deserto na forma de bezerro de ouro, de tão cegos que estavam esqueceram-se do Deus dos grandes milagres trocando-o pelo deus daquilo que se pode comprar, por aquilo que eu posso dar, afinal todos foram convocados para dar ouro afim de serem abençoados pelo bezerro deus que deviam adorar, para então dele receber.
Afinal de contas será que não estamos fazendo o mesmo hoje? E quando Paulo diz que sabia ter e não ter, ele estava afirmando com isso que ele só era abençoado quando tinha? Quando Jó perdeu tudo deixou então de ser abençoado por Deus? E os mais de 400 anos de escravidão do deserto do povo de Israel Deus não os abençoava?
Deus é Deus acima de qualquer coisa importa que aqueles que o adorem dele se aproximem sabendo que é galardoador daqueles que o buscam (Hebreus 11:6), não daqueles que o compram, nem ainda dos que o vendem.
Lamento mas não posso me calar contra tantos absurdos, mas espero ter proposto um questionamento acerca de uma fé cega e falsa, que muito se assemelha a julgo e escravidão, onde lobos revestidos de ovelhas buscam usurpar o seu suor, por meio de pregações non sense te mandando dar para receber, te propondo que vossa possa comprar a tua indulgência para acessar os céus, ainda que seja aqui na terra por meio daquilo que você possa pagar.

O evangelho é paz, amor e alegria no Espírito Santo e a vontade de Deus é suprir a tua vida, não te fazer um “tio patinhas”, mas se Ele te abençoar não esqueça dos que nada ou pouco tem e, procure amparar dividindo o que você tem e não dando esmolas simplesmente O AMOR COBRE MULTIDÃO DE PECADOS!